O universo da sexualidade feminina é vasto, plural e cheio de nuances. Entre tantas possibilidades de prazer, poucas experiências despertam tanta curiosidade — e até pressão — quanto o squirting. Discussões recentes nas redes sociais e relatos compartilhados por mulheres deixam claro: dúvidas, inseguranças e até constrangimento surgem diante da expectativa, muitas vezes alimentada por parceiros ou pelo que se vê em filmes adultos, de vivenciar esse fenômeno. Afinal, o que é verdade e o que é mito sobre o chamado “esguicho” feminino?
O que é squirting? Entendendo o fenômeno
Squirting é o termo usado para descrever a expulsão de um líquido claro pela uretra durante o clímax sexual, que pode ou não estar associado ao orgasmo. Essa experiência, bastante comentada nos últimos anos, ainda é cercada de mistérios e mitos — mas, ao contrário do que se pensa, não é algo que toda mulher vai necessariamente experimentar ao longo da vida sexual.
O líquido do squirting é diferente da lubrificação vaginal. Segundo especialistas, trata-se de uma substância incolor, praticamente sem cheiro, que pode conter traços de urina, mas não deve ser confundida com o ato de urinar. Estudos indicam que a principal responsável por essa secreção são as glândulas de Skene, estruturas localizadas próximas à uretra, muitas vezes chamadas de “próstata feminina” [[SuperInteressante, 2022]](https://super.abril.com.br/saude/squirting-existe-sim-agradeca-suas-glandulas-de-skene).
Apesar do fascínio, nem sempre o squirting está diretamente ligado ao orgasmo. Muitas mulheres relatam sentir prazer intenso durante o fenômeno, enquanto outras podem “esguichar” sem necessariamente atingir o clímax. O corpo feminino, como enfatizam estudiosas do tema, responde de maneiras diversas ao estímulo sexual — e o squirting é apenas uma entre muitas manifestações possíveis [[HelloClue, 2023]](https://helloclue.com/pt/artigos/sexo/vamos-falar-de-ejaculacao-feminina-e-da-vulva-por-que-importa-e-qual-a-sensacao).
Ejaculação feminina x Squirting: qual a diferença?
Compreender as diferenças entre ejaculação feminina e squirting é fundamental para desfazer confusões e expectativas irreais. Embora os termos sejam usados como sinônimos em alguns contextos, na prática, eles representam fenômenos distintos.
A ejaculação feminina refere-se à liberação de um pequeno volume de líquido pelas glândulas de Skene durante o orgasmo ou o estímulo intenso. Essa secreção é normalmente mais densa e menos volumosa do que o que se observa no squirting. Já o squirting, por sua vez, envolve a saída de uma quantidade mais abundante de líquido pela uretra, podendo apresentar uma composição diluída que inclui traços de urina, mas também secreção das glândulas de Skene [[Nova Vitta, 2024]](https://novavitta.com.br/site/o-que-e-a-ejaculacao-feminina-como-acontece/).
É importante salientar: ambos os processos são naturais e podem acontecer juntos ou separadamente. Não existe relação direta entre esses fenômenos e a intensidade ou qualidade do orgasmo feminino. Ou seja, uma mulher pode ter orgasmos intensos sem jamais experimentar ejaculação ou squirting — e vice-versa.
Essa distinção é essencial para que as mulheres (e seus parceiros) entendam que cada corpo responde de uma maneira única aos estímulos sexuais. A pluralidade de experiências é a regra, não a exceção. Ter ou não ter squirting não determina a satisfação ou a “performance” sexual, e sim a singularidade de cada vivência.
Mitos, expectativas e a influência da pornografia
A cultura contemporânea é marcada por uma intensa exposição à pornografia: pesquisas apontam que cerca de 90% dos adultos consomem esse tipo de conteúdo com frequência [[Saúde Bem-Estar, 2023]](https://www.saudebemestar.pt/pt/blog/psicologia/pornografia/). E, nesse universo, o squirting costuma ser apresentado como um espetáculo recorrente, facilmente alcançável, quase uma obrigação em cenas de prazer feminino.
Esse retrato distorcido impacta diretamente as expectativas dentro e fora do quarto. Em conversas nas redes sociais, mulheres relatam sentir pressão para “esguichar”, mesmo sem nunca terem vivido essa experiência. Relato de algumas clientes reforçam que, às vezes, o parceiro insiste ou fica frustrado, acreditando que só assim o sexo será plenamente satisfatório. Há casos em que a mulher chega a considerar fingir squirting para evitar constrangimento — algo que pode ser bastante prejudicial ao bem-estar sexual e emocional.
Especialistas são unânimes: o prazer feminino não deve ser medido pela presença ou ausência do squirting. Fingir prazer ou tentar forçar uma resposta corporal para atender expectativas externas pode gerar ansiedade, desconforto e até afastamento do próprio corpo. O autoconhecimento e o diálogo aberto são caminhos bem mais saudáveis para explorar a sexualidade.
O consumo excessivo de pornografia, além de alimentar mitos, contribui para uma visão limitada e pouco realista do prazer feminino. A indústria pornográfica, como discutido em artigo da Saúde Bem-Estar, tende a transformar o squirting em um show visual, sem respeitar a individualidade e as nuances do corpo da mulher. Esse contexto reforça a importância de buscar informações confiáveis e de qualidade sobre sexualidade, para desconstruir tabus e construir uma relação mais livre e prazerosa com o próprio corpo [[Saúde Bem-Estar, 2023]](https://www.saudebemestar.pt/pt/blog/psicologia/pornografia/).
Prazer sem pressão: respeitando limites e desejos
A busca pelo prazer sexual deve ser, antes de tudo, uma experiência de respeito mútuo, escuta e acolhimento. Não experimentar squirting — ou não desejar vivenciá-lo — é absolutamente normal. Cada mulher tem seu repertório de sensações, preferências e respostas corporais, e nenhuma delas é superior à outra.
Conversar abertamente com o parceiro sobre expectativas, limites e desejos é fundamental para uma vida sexual saudável. O diálogo permite alinhar expectativas, desfazer cobranças e criar um ambiente de confiança, onde ambos possam explorar a sexualidade com liberdade e segurança.
Explorar o sexo sem cobranças libera espaço para novas descobertas, mais conforto e prazer verdadeiro. Muitas mulheres relatam, em grupos de discussão e mensagens, que sentiram alívio ao perceber que não estavam sozinhas em suas dúvidas ou inseguranças. Compartilhar experiências, buscar informação e esclarecer mitos ajuda a diminuir a pressão e a frustração desnecessárias.
Vale lembrar que o prazer feminino não segue um roteiro fixo. O importante é que cada mulher se sinta livre para viver sua sexualidade sem comparações ou tentativas de corresponder a padrões impostos por filmes, parceiros ou até mesmo pela própria expectativa interna. Como destaca artigo da Flo Health, o squirting é real, mas não deve ser visto como um objetivo obrigatório ou uma prova de satisfação plena [[Flo Health, 2024]](https://flo.health/pt/seu-ciclo/sexo/prazer/squirting).
Informar para empoderar: a importância do autoconhecimento
O autoconhecimento é uma das ferramentas mais potentes para transformar a relação com o próprio prazer. Entender a anatomia feminina, ler sobre diferentes formas de excitação e conversar com profissionais especializados são formas de desmistificar o squirting e outras manifestações do corpo durante o sexo.
Conhecer as glândulas de Skene, a diferença entre lubrificação, ejaculação e squirting, bem como os fatores que influenciam as sensações de prazer, empodera a mulher a tomar decisões mais conscientes e alinhadas com seus desejos reais. O artigo da SuperInteressante reforça que, ao compreender o papel dessas glândulas e desmistificar o fenômeno, cresce a aceitação e a valorização da pluralidade das respostas sexuais femininas [[SuperInteressante, 2022]](https://super.abril.com.br/saude/squirting-existe-sim-agradeca-suas-glandulas-de-skene).
O prazer é plural: cada mulher pode ter preferências, fantasias e respostas diferentes. Não existe um padrão ou obrigação a ser seguida. A busca pela intimidade genuína, pelo respeito ao próprio corpo e às particularidades do parceiro, é o que torna a sexualidade uma experiência rica e significativa.
Buscar informação de qualidade, conversar sobre dúvidas e respeitar os próprios limites são atitudes que favorecem não apenas o autoconhecimento, mas também relações mais saudáveis e prazerosas. Como destaca o artigo da HelloClue, a percepção e aceitação do squirting estão aumentando, refletindo uma sociedade mais aberta e disposta a dialogar sobre a sexualidade feminina — mas ainda há um longo caminho para a desconstrução de tabus [[HelloClue, 2023]](https://helloclue.com/pt/artigos/sexo/vamos-falar-de-ejaculacao-feminina-e-da-vulva-por-que-importa-e-qual-a-sensacao).
O squirting existe, sim, e faz parte da diversidade de experiências do prazer feminino. Mas transformar esse fenômeno em uma meta ou obrigação, seja por influência da pornografia, seja por expectativas de terceiros, pode gerar desconforto e até afastamento da própria sexualidade. O mais importante é que cada mulher se sinta segura e confortável para explorar seu corpo, seus desejos e limites, sem cobranças ou comparações.
Diálogo, respeito e autoconhecimento são aliados poderosos para construir experiências sexuais mais livres, autênticas e prazerosas — para todos os envolvidos. Permita-se valorizar a singularidade do seu prazer, abrindo espaço para descobertas verdadeiramente transformadoras.